quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

"Voltar e enfrentar o mal uma última vez"

Quem porventura já bebeu da água túrgida que se costuma ingerir em copinhos de papel num curso de Mestrado, certamente reconhece a sensação: “aquelas baforadas criogênicas® intermitentes que se instalam nas sete vértebras cervicais nos meses que antecedem o exame de qualificação”. É, foi dose, mas como dizia Timóteo, “combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” e meu trabalho foi qualificado. Caso esteja se perguntando sobre do que se trata minha pesquisa, de pronto lhe respondo: “meu objeto de estudo é o quadrinho Grandes Astros Superman, de Grant Morrison e Frank Quitely”.
 Ok, aí você me pergunta: “mas tu não irias trabalhar com o Spirit do Eisner?”. Sim, iria, mas a realidade de um pré-projeto completamente incipiente e a efetiva construção da dissertação são duas experiências entrópicas. Trocando em miúdos, raramente a ideia que tu tinhas no princípio sobrevive aos primeiros meses da pesquisa, sobretudo quando tu passas a imergir em discussões que praticamente gritam contigo para que examine uma obra a partir daquele viés. O barato inicial é entorpecedor, e te leva a se desafiar constantemente a adequar seu hobby ao academicismo, para que literatos vejam àquela arte do mesmo modo que a já enxergas há décadas. No final, o desejo de quem leva a cabo um trabalho dessa natureza é o de legitimar suas próprias neuras.

Sim, isso é bom, por um tempo, mas, inevitavelmente, chega-se a um ponto em que só queres “parir” o que, bem ou mal, tens gestado por cerca de dois anos. Desse modo, a hora da verdade está cada vez mais próxima – fevereiro próximo – e, acredite, arrumei um modo de insuflar um pouco mais de emoção nesses momentos de definição: em paralelo, na condição de concluinte, resolvi prestar a seleção de doutorado do meu programa pós-graduação. Foram quatro etapas excruciantes, mas no final deu tudo certo e consegui a aprovação para passar mais quatro anos “legitimando minhas próprias neuras”.
 Dessa vez, consegui vender uma proposta de tese sobre a Liga Extraordinária de Alan Moore e Kevin O'Neil. O resultado saiu no último dia 18 e foi o melhor presente de Natal que poderia desejar. Mas deixemos de lado um pouco minhas aventuras acadêmicas e vamos tentar correr atrás do prejuízo, mas não agora... agora sigo para um Réveillon regado a base de Millers e Marcas da Guerra

É isso, feliz 2016, Escapistas e Leitores Escapistas.

4 comentários:

Yuri Saladino disse...

Parabéns, amigo Luwig pelo seu doutorado!

Se Deus quiser, vamos criar um grupo de pesquisa sobre HQs no IFPB!

Yuri Saladino disse...

Estarei na sua defesa de sua dissertação!

Você é um vencedor! Você passou por muitas perdas nesses últimos e lutou para estar no lugar da vitória! Parabéns, querido amigo!

Do Vale disse...

Muito lindo isso de transportar um hobby que se leva no coração pra vida acadêmica. Parabéns, Luwig!

blogzine disse...

Parabéns Luwig, muita força nessa nova empreitada!